quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Projetos de um futuro bom

Um apartamento pequeno: sala, quarto, banheiro, cozinha e uma varandinha no centro de São Paulo. Na sala um sofá colorido, uma TV pequena, um rádio constantemente ligado, uma antiga vitrola. Na estante, prateleiras cheias de livros, CD´s, DVD´s e antigos discos de vinil. Num canto uma mesa redonda, um lap top e vários livros, projetos, trabalhos, canetas e lápis. Noutro canto uma poltrona e uma luminária de chão, cantinho da leitura. Pelas paredes quadros de camurça cheios de desenhos e recortes espetados com alfinetes.
Na cozinha uma mesinha de parede e banquinhos, armários branquinhos e a porta da geladeira coalhada de fotos em imãs. Pratos, copos e xícaras coloridos nos armários.Sobre a mesa joguinho americano , um pacote de pão integral pela metade, um pote de bolachas e outro de granola, um vidro de Nescafé, uma colher fora do lugar, uma garrafa de mel. Ao lado do microondas uma fruteira, algumas bananas (talvez um pouco passadas), umas laranjas, uma pêra. Na pia algumas louças por lavar, duas taças com um restinho de vinho no fundo.
No quarto, uma cama com almofadas coloridas e uma ou outra peça de roupa que não se guardou.Uma mesinha, um abajur, um livro, um porta retratos, os óculos. Uma arara cheia de cabides no lugar do guarda-roupa, uma cômoda com gavetas um pouco desarrumandas e sobre ela caixinhas e frasqueiras cheias de miudezas, um copo com pentes e escovas. Nos pés da cama um baú cheio de recordações, alguns all stars e chinelos jogados, ao canto um par de sapatilhas. Nas paredes quadros de metal com fotos, montagens com recortes e desenhos e umas telas. Um lampião japonês pendendo do teto.
No banheiro a pia cheia de frascos, uma escova de dentes e pasta. Um vasinho de flor.
Na varanda uma rede, vários vasos de plantas e pendurado um mensageiro dos ventos (aquela coisa que quando o vento bate faz barulho) de bambu.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Prisão de Sombras

Feriado, sol brilhando, aquela vontade de sair. Sentir o Sol na pele (que se foda o calor) e quem sabe um ventinho, ou uma sombra, sentar embaixo de uma árvore.
Mas não, com lágrimas quase caindo fui trazida de volta a essa casa. Grande, confortável. Detestável.Portas, janelas e cortinas fechadas, tudo na penumbra. Na sala luzes e ventilador ligados e na TV o eterno som do futebol. Me fechando, sufocando. Prisão de livros, desenhos e o brilho insensível do monitor.
Tento espantar os fantasmas. Saio de perto do interminável futebol e da sala artificial, ponho uma música vou pra fora. A horrível prisão da rotina... enfadonha.
Na hora em que finalmente saí, o tempo resolveu concordar com meu estado de espírito. Uma baita chuva. E depois andando pelas ruas estranhamente desertas de lojas fechadas, tempo fechado, uma nova e triste São Paulo. Onde normalmente se viam ambulantes e milhões de pés apressados, uma mendiga solitária encostada no parede de um grande prédio, ohando desolada a rua estranhamente silenciosa, e os poucos pés que passavam por ela.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Aula de ballet

5, 6, 7, 8....
estica a perna!, primeira posição!, olha a cabeça!, leveza! , marca essa cabeça!, e frapé, e balloné, e grand batteman, segue o tempo da música!!! plié! em baixo e relevé! fiquem, fiquem.... e desceu.
HOR-RI-VÉL!!!!!
tudo de novo

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Chuva e Lágrimas Cinzentas


São Paulo num dia de chuva
cinza, séria, barulhenta e corrida como sempre
e nesse dia de chuva, os rostos na periferia, no ponto de ônibus, no metrô lotado parecem ainda mais sem esperanças, apreensivos, cansados...
Numa rua estreita e movimentada,ônibus passando o tempo todo, de casas simples e comércio barato, suja e miserável, um sobradinho branco que se ergue acima da garagem desafiando o cinza dominante, e abaixo da janela com grades surge um canteirinho de flores vermelhas e espinhosas.
Numa grande avenida, correndo no meio do trânsito, quase uma dúzia de molequinhos de no máximo seis anos... caras e roupas sujas, alguns com tênis e sandálias velhas, outros descalços, segurando os chinelos na mão para correr, atravessando como um bando desnfreado a avenida e cruzando a frente de ônibus e carros.
No metrô uma mãe de rosto procupado, cansado e sem esperanças. E sua filha ao lado, essa como eu, quieta, observando os rostos e espressões. Mais tarde em outro vagão um velho mendigo, levando seus pertences dentro dum saco de estopa, curvado, os braços entre as pernas e cabeça baixa, como se tivesse vergonha de levantar o olhar, como se não pudessa oçhar as outras pessoas nos olhos, vergonha de admitir sua posição. Levanta-se, olha em volta rapidamente e desce na sua estação, andando curvado, olhar baixo...
...se vai, se perde entre às pessoas no metrô, triste e silencioso, no mar de rostos sem esperança e cansados,no caos do trânsito, na cinza São Paulo que chora junto com a chuva.

*Pulga atrás da orelha: Quem foi o anônimo que comentou aqui e me deixou um poema/música lindooooo do Oswaldo Montenegro???????????????????????? Pleeeeeeaseee identifique-se!!!

Metade de mim é amor... e a outra metade também

Metade

"Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisaque resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menossuportável
que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fuia outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também."
(Oswaldo Montenegro)

sábado, 13 de janeiro de 2007

Poderias... ou não

O que realmente importa?
Planos futuros?
compatibilidade de expectativas?
Ou o hoje?
Por muito tempo me esquivei, e deixei de viver, por medo do que "poderia"
Enfim me libertei dos "poderias" .... eu quero saber do hoje
E hoje eu queria dormir abraçada contigo
E hoje eu digo que te amo
E só não quero pensar que um dia vai acabar
(pode ser semana que vem, ano que vem, daqui a dois anos ou a 80....)
Mas eu não quero pensar
Por favor não me faça pensar
não me deixe chorar, não me deixe voltar a viver nos "poderias"
porque só o que queria hoje era dormir enrolada em você
e o futuro tá que nem uma folha em branco
é a gente que vai desenhar a estrada pela qual seguimos.

sábado, 6 de janeiro de 2007

Ai....

Noite
Chuva
Saudades
Expectativa (FUVEST essa semana)
Frio
...
Um arrepio percorre meu corpo... sem sentido.... sem sentido
e negra é a perspectiva de passar um mês longe de ti...

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

È ANO NOVO
ROMPO A CASCA
E ME RENOVO
(Denizis Trindade)

Hoje um estranho vazio me invadiu. Talvez o dia, chuvoso e de céu cinza claro (quase branco) tenha influenciado. Talvez só o vazio comum das férias (a falta de compromissos). Mas a verdade é que nada perdi para sentir tamanho vazio. Somente um ano que ficou pra trás. (e que ano!)
Um ano com vários momentos difíceis, ruins, tristes, mas também com muitos momentos bons, felizes, emocionantes.
Nesse ano, quantas lágrimas derramei, por tristeza, preocupação, saudades, nervosismo, ou mesmo sem motivo. Quantas risadas dei (sorrisos, risadas, gargalhadas) felizes, incontroláveis, sem graça, engraçadíssimas, intermináveis. Quantos abraços dei, quantas pessoas abracei (ah os abraços, os adoro! esses, sempre sinceros!)
Quantos sonhos, projetos, expectativas... e também quantas decepções. Quantas surpresas inesperadas, quantas pequenas vitórias, quantos pequenos fracassos. Quantas tardes vazias, quantos passos. Quantas músicas cantei e ouvi repetidamente, quantos lápis gastei desenhando, quanto tempo passei quieta, olhando o céu e os morros até cansar. Quantas vezes tive vontade de sair correndo, quantas vezes saí sozinha sem saber que rumo tomar. Quantos beijos, quantos textos, quantas imagens, quantas piruetas, quantas conversas, quantos pulos, quanta gente.
Não há como fazer um balanço concluindo: “foi um ano bom” ou “foi um ano ruim”. Não. Foi um ano vivido. Porque acho que a vida é realmente isso, uma mistura de bons e maus momentos, felizes e tristes, luminosos e escuros. Sei é que foi um ano intenso, porque de todas sensações que experimentei, nenhuma foi superficial, irrelevante. Esse foi um ano que me marcou e me mudou muito. É isso, foi um ano de mudanças (aprender a lidar com mais problemas, aprender a ficar sozinha, aprender a estar junto). Foi um ano em que vivi, intensamente, e enfrentaria todos os maus momentos de novo, pois viver vale a pena.
Foi um ano de mudança, da vida fácil de criança, pra vida de verdade. Só o começo da vida. E se esse é só o começo, Meu Deus, quantos anos ainda estão por vir.
Temos todo tempo do mundo...
(somos tão jovens...)






Tudo que tenho é a certeza da incerteza do amanhã.