quarta-feira, 28 de março de 2007

Bailarina Urbana

À noite
no barulhento silêncio da cidade,
me perco vendo as estrelas.
Quem dera eu
mergulhar
nessa imensidão escura;
entre as estrelas dançando,
fazendo piruetas, distraída,
sobre os astros;
ao ritmo dos sons urbanos.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Encadeada

Medo
Atrás de cada esquina pode estar um bandido, um menino,
pés no chão, canivete.
Corra! Não espere escurecer! Pega a chave,
tranca a porta, cadeado.
Se feche: entre quatro paredes cuide da sua casa,
sua filha, sua imagem, sua moral.
Chore! Chore!
Você se prende, se isola e depois reclama solidão.

Não! Me larga!
Abro a porta e o cadeado- saio na rua
roubo uma flor
sento na praça
na calçada
deito no chão no concerto
danço no meio do povo
e dou risada.
Deixa eu abrir minhas asas!
O medo que sinto não me acorrenta.
Meu coração quer voar.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Brutal

Pelos dias, coisas que vejo, histórias que escuto, me espanto.
Raiva, incredulidade, desesperança: vejo mais e mais que o homem é ridículo, estúpido, bruto. Uma infinidade de defeitos que se irradiam e estragam tudo o mais a sua volta.
Me revolto, me entristeço.
É como se eu pudesse ver, no longo corredor as duas crianças loirinhas encolhidas à porta, chorando por ouvir os macabros sons que vinham do quarto.
É como e eu pudesse ver a garotinha sair correndo da sala para o quarto e fingir que estava dormindo ao ouvir o som do carro de seu pai chegando do trabalho.
É como se eu pudesse ver tudo aquilo que eu não queria que existisse.
Me assustei com isso quando descobri
Que é algo mais comum do que eu imaginava
Mais horrível do que eu podia me lembrar e
Que está mais próximo de mim do que eu podia querer.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Turbulência

Me perdi em meus caminhos
as mãos e o corpo todo tremia
o rosto vermelho e quente
a respiração arquejante e quebrada.
Me mesclei dentro de mim
a vontade de quebrar tudo e a consiência de não fazê-lo
discutindo em minha cabeça já tão quente.
A vontade louca de sair correndo batia de frente com o bom senso
(maldito bom senso!).
Por fim deixei que as leis da inércia vencessem
e o bom senso dissesse "muito bem"
e a parte de mim que gritava
agora amarga letargicamente o brilho frio da tela do computador.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Sobre homens e mulheres e suas almas em comum

É dia das mulheres, e se ouve falar da causa feminista
vêem-se caminhadas, protestos, das diferenças
.... mas eu desconfio que homens e mulheres são bem mais parecidos do que se alega
Não, não que sejam iguais.
Mas no fundo, no fundo são almas humanas
que querem felicidade, amor, que passam por bons e maus momentos,
que se apaixonam, que sofrem.
O que vejo por aí é que muitos (homens e mulheres) não querem revelar suas almas, e se escondem atrás de mitos (que homem não chora, que mulher chora por qualquer coisinha...) e acabam se distanciando.
Mas o que me encanta é ver os que saem dos mitos e se mostram, e as distâncias diminuem, e a gente consegue compreender mais e ser mais compreendidas.
Homens vão sempre ser homens. E as diferenças sempre vão existir.
Mas no fundo, bem lá no fundo, a essência da alma é assexuada.
Lá somos iguais.
E lá, tudo o que mais se quer é amor.

sábado, 3 de março de 2007

Se esse palco falasse....

O negro chão que piso, amplo e quente, é como pisar em areia de praia, em terra vermelha de barro: me sinto viva. De compridas e negras cortinas ladeado: refúgio, esonderijo. Quantas coisas podem sair por detrás dessas coxias, meu Deus? Num quadrado de 10 por 10 metros, cabe muito mais que só 100m quadrados, cabe um infinito. Não aguentava mais de saudades, saí correndo e me joguei de volta e fiquei deitada me interando desse palco. E dele não queria mais sair.
Dizem que para o artista o palco é um lugar sagrado. É mesmo. Mas para mim, esse palco em especial é também minha casa. Antes mesmo de ele ser construído eu já estava ali. Vi ele ser erguido e não teve mês que se passou em que eu ficasse sem ele. Nesse palco subo e deixo pra trás todo mal ou preocupação, e quando desço volto renovada, com vontade de aprender, descobrir, pesquisar, viver a arte.
Simplesmente: Eu Amo a Fábrica de Expressão!!!!