segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Água viva

Esquece-me.
Eu não fui feita para ser lembrada.
Eu devo ser, para ti, como a chuva:
É maravihoso tomar chuva, sentir os pingos no corpo, abrir a boca para o céu a fim de abocanhar gotas geladas.
Mas depois que a chuva se vai, fica-se com frio.
E se não se seca e toma-se um banho quente, fica-se doente.

Ser como a chuva é doloroso.
Depois que ela cessa e o Sol a evapora, não sobram pistas de sua passagem.
Mas aprendi (ou estou aprendendo) a me conformar.
Com meu estado líquido, cainte, efêmero.
Minha alma em tempestade vai (tem que!) aprender a se aceitar.

Esquece-me.
Chuva não é pra ser eterna. Chuva passa.
Tome um banho quente. Ponha roupas limpas. Espere, que o Sol já vem me evaporar.

Eu chovo. Verbo personalíssimo.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Almofada cor-de-rosa

Nós temos fragilidades. Teremo-as sempre, mesmo que por algum tempo esquecidas. Alguma hora alguma coisa vem es acordam-nas. E a gente toma um tapa na cara: a fragilidade continua ali a nos atormentar, não sumiu como julgávamos. E aquelas pessoas que nos ajudaram a levantar da primeira vez , não, não estão mais lá para dar a mão.
...
E tu jurastes! Jurastes pra ti mesmo que não contarias para mais ninguém; que aquele era o único que podia te ajudar quando essa dor viesse, que podia conhecer teu segredo mais íntimo, teu pesadelo mais sombrio. E ele não está mais. E tu jurastes. Jurastes!
agora estás sozinho. Não há mais a quem recorrer que conheça-te tanto, que entenda-te, que possa apoiar-te sem se assobrar com a bagagem que trazes.
Roubaram-te as muletas antes que pudesses afirmar as pernas e disseram-te: anda!
Se não conseguires andar, que mais te resta?