quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Transcrição


palavras soltas num guardanapo
pelo puro prazer de escrever.
uma porta entreaberta, lembranças
divertidas (talvez indecentes...)
saudades de abraços, de pele, de
beijos, de risos compartilhados.
qualquer papel pode ser meu confidente
fiel. até mesmo um guardanapo.
echapés e uma sapatilha estudante.
felicidade pessoal e intransferível; realização
amor...? vários tipos dele.
desejo...? é, pode ser.
carência...? talvez


piano
sonho . . . em transe
retrato: amiga de canetas, papel,
palavras, cafés, nomes estranhos
em francês.
constantemente visitada por
sorrisos e lágrimas.
A conta por favor.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

É dia de feira

O Sol é quente; verão de país tropical. O calor inunda a rua tomada em que circula uma pequena multidão. A não ser que você não suporte calor humano (muito mesmo) uma pequena calamidade e barulheira, irá gostar. Pra mim é uma diversão!
As barraquinhas se espremem lado a lado, lonas listradinhas coloridas servem de cobertura. Bacias de plástico são cheias dos mais diversos produtos... e passando-se entre duas barracas de frutas o cheiro doce de pêssegos, mangas, laranjas e muitas mais invade-me as narinas e entorpece levemente os sentidos.
-Olha, a laranja tá acabando, tá acabando o preço abaixou de novo! Aproveita, dona!
-Moça bonita, pode chegar, pode chegar que a fruta tá doce, o abacaxi tá um mel, abacaxi de um real! Abacaxi de um real!
-Olha o mamão, só um real a bacia!

"Acerooola, acerooooola. Acerola cura resfriado, gripe, é bom pra suco, todo mundo gosta. Olha a acerooooooola." Assim apregoava uma negra de longas tranças com a voz divertida e estridente... feito uma vitrola que toca só uma música.
-Pô, pára de falar, aí! A feira já tá acabando! (os feirantes ao redor comentando. aos gritos, claro)
-Cala a boca, tu é chata, aí!
-Pô essa mulher é muito chata, aí!
-Paro não! O povo é gosta que eu falo. Aí, minhas acerola já tão acabando! Acerooooooooola! Aceroooola! Cura resfriado e tá acabando!
-Pô, quanto custa tuas acerola, aí? eu compro tudo só pra tu calar a boca!

Passa-se sorrindo.

Nas bancas que vendem ervas, chás, folhas diversas, é delicioso o cheiro de verde. Lembra a casa da avó e seus infinitos chás. Na Barraca de grãos, é quase irresistível enfiar a mão nos sacos, sentindo a massagem suave que cada diferente grão faz na pele. À la Amélie Poulain.

Evite as bancas de carnes e peixes.... nada é perfeito.

Ah, parada obrigatória é na barraca de pastel. Pastelaria de chinês nenhum bate o pastel de feira, de preferência acompanhado de um belo copo de caldo de cana! Gosto de infância, de pedir óstia não consagrada pro padre depois da missa, de feira de domingo, pastel de queijo e mãos dadas com a mãe.

Feira é povo, não o que se vê na novela ou na TV, é povo de verdade. Feira tem vida, tem cor, tem voz e tem cheiro. Tem graça e desgraça, daqueles que a percorrem, olhos no chão, à procura dos restos para levar pra casa.
Feira é diversão!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Borboletas Verdes

Um ruído de repente me tira a atenção. Uma cortina voando à brisa noturna faz o pensamento voar.
Uma triste retrospectiva que se lê faz os bons momentos parecerem ainda mais doces.
Sorri, menina. Sorri e canta. Não tem mais por que chorar.
Aprende, menina. Aprende também a divagar, sonhar e poetar na cidade grande. Barulho de trânsito também pode ser melodia. Não deixa a dureza do concreto te invadir também, menina.
Repara! Ali do lado da pixação no prédio pousou uma borboleta!