segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Rezo

Ave Maria, gratia plena,
dominus tecum.
Benedicta tu in mulieribus
et benedictus fructus
ventris tui, Jesus.

Sancta Maria, mater dei,
ora pro nobis, pecatoribus,
nunc et in hora
mortis nostrae.
Amen.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Expurgatório

O peso é maior quando nem se consegue escrever.
Cansaço, medo, descompasso.
Emotiva, impulsiva.
Sentido, sentir.
Sentir.
Espremo as palavras e os dedos no teclado. Espremo as lágrimas. Espremo músicas buscando calma. Espremo chocolate na boca.

Solto a respiração, longa.
Sorriso.
Algo mais me move.
Puxa e empurra.
E eu poderia até voar...
Mas vou andando mesmo.
Que acredito nesse chão.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lição de viagem

As paisagens correndo pelas janelas do carro dançam ao som de uma valsa de Strauss.
Verde, azul, marrom, amarelado. A plantação de sorgo forma curvas efêmeras em sua superfície, passam pelos olhos como numa ilusão. Ao longe, na estrada reta mas não plana, os morros sucessivos brincam de esconder-se uns atrás dos outros, e reaparecer como que por mágica. Dançam.
Mais impressionante, ainda, é a explosão de céu. Vem lá longe o viaduto, com um retangulozinho de azul por baixo, uma tripinha apenas. Vem se aproximando, aumenta como o crescer dos instrumentos numa orquestra, o retângulo azul. E quanto mais perto, mais rápido, em êxtase. Por fim o viaduto passa, e o azul explode por todos os lados. Estraçalha a moldura cinza de cimento, e passamos a correr dentro da explosão da cor de violinos.
Desceu o sol, acenderam-se as estrelas, e, como que dando adeus ao carro em etapa final de viagem, o Curiango canta seu canto de solidão. Nos últmos momentos de velocidade, correm luminosos dois rios paralelos, serpenteantes, ligeiros, opostos. Sêmem e sangue, acompanhados de tango.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009