terça-feira, 28 de setembro de 2010

Da brincadeira à violência, do cursinho à sociedade

Reflexões de quem voltou da faculdade ao cursinho
A época do vestibular é cheia de tensões para os candidatos, e os cursos pré-vestibulares levam os alunos a uma rotina pesada deestudos. Em contraponto a toda essa tensão, grande parte dos professores destes cursos utiliza-se do humor em suas aulas, para torná-las mais leves, interessantes e tragáveis.
São importantes as iniciativas, tanto por parte dos cursinhos quanto por parte dos professores, para tornar a rotina dos estudantes mais agradável – inclusive porque o bem-estar psicológico destes influencia-os em seu desempenho intelectual e no momento das provas. O que esquece-se ou ignora-se é o teor desse humor: não raras vezes as piadas em sala de aula são preconceituosas.
“Mas são apenas brincadeiras inocentes – não se prega realmente esses valores”, pode ser a justificativa para tais ações. Mas, mais uma vez esquece-se ou ignora-se que são por conta de “inofensivas brincadeiras” que verdadeiramente perpetuam-se preconceitos na sociedade.
São por essas brincadeiras que loiras são sempre “burras”, que mulheres “não sabem dirigir” ou “só pensam em dinheiro”, que orientais“têm pinto pequeno”, que homossexuais são “bichas loucas”, que negros “são sujos”, que pobre “é uma desgraça”. E são estes esteriótipos amplamente difundidos que perpetuam preconceitos e violência contratodas essas minorias em nossa sociedade – preconceitos e violência presentes e inegáveis.
Professores, sejam eles quais forem, têm responsabilidade com tudo oque dizem em suas aulas, e devem assumi-la, pois estão em posição de formadores de opinião. Professores de grandes cursos pré-vestibulares, em se considerando que boa parte dos alunos que passam por suas cadeiras estarão depois em grandes universidades e serão os próximos formadores de opinião nas mais diversas áreas, têm responsabilidade ainda mais ampla, não só para com seus próprios alunos, mas para com toda a sociedade.
Não que seja necessário seguir à risca os parâmetros do politicamentecorreto e “chato”, como dizem; mas necessário é, para lecionar com responsabilidade, refletir sobre a quem – de dentro ou de fora da sala de aula – suas piadas e brincadeiras podem ofender, ou quais preconceitos elas podem alimentar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Das grandes misérias de uma civiliação

Porque a cidade estafa-me e eu preciso dos meus mares de morros.


"-Tu não o sentes Zé Fernades. Vens das serras... Pois constituem o rijo incoveniente das Cidades, estes sulcos! É um perfume muito agudo e petulante que uma mulher larga ao passar, e se instala no olfato, e estraga para todo o dia o ar respirável. É um dito que se surpreende num grupo que revela um mundo de velhacaria, ou de pedantismo, ou de estupidez e que nos fica à alma, como um salpico, lembrando a imensidade da lama a atravessar: Ou então, meu filho, é uma figura intolerávelpela pretensão, ou pelo mau gosto, ou pela impertinência, ou pela relice, ou pela dureza, e de que se não pode sacudir mais a visão repulsiva... Um pavor, estes sulcos, Zé Fernandes! De resto, que diabo, são as pequeninas misérias de uma Civilização deliciosa!"
(A Cidade e as Serras - Eça de Queirós)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Nariz II - o final da saga

É maravilhoso.
Tomo impulso e sorvo uma brisa,
um vento.
Tufão.

Ah, oxigênio!