tag:blogger.com,1999:blog-325797352024-03-23T15:09:36.295-03:00De Dentro da CaxolaMas eu desconfio que a única pessoa livre, verdadeiramente livre, é aquela que não tem medo do ridículo.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.comBlogger197125tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-7921887742178552332011-08-05T11:20:00.002-03:002011-08-05T11:33:51.608-03:00Por duas semanas estive fora e ao voltar me surpreendi: as árvores vestidas de primavera.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-72129723981693518742011-06-29T15:57:00.000-03:002011-06-29T16:00:16.057-03:00Curtindo um Rilke shake<div><b>sereia à sério</b></div><div style="font-style: italic; "><span style="font-style: italic; "><br /></span></div><div style="font-style: italic; "><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal; "><i>o cruel era que por mais bela</i></span></div><i>por mais que os rasgos ostentassem</i><br /><i>fidelíssimas genéticas aristocráticas</i><br /><i>e as mãos fossem hábeis</i><br /><i>no manejo de bordados e frangos assados</i><br /><i>e os cabelos atestassem</i><br /><i>pentes de tartaruga e grande cuidado</i><br /><br /><i>a perplexidade seria sempre</i><br /><i>com o rabo da sereia</i><br /><br /><i>não quero contar a história</i><br /><i>depois de andersen & co.</i><br /><i>todos conhecem as agruras</i><br /><i>primeiro o desejo impossível</i><br /><i>pelo príncipe (boneco em traje de gala)</i><br /><i>depois a consciência</i><br /><i>de uma macumba poderosa</i><br /><br /><i>em troca deixa-se algo</i><br /><i>a voz, o hímen elástico</i><br /><i>a carteira de sócia do méditerranée</i><br /><br /><i>são duros os procedimentos</i><br /><br /><i>bípedes femininas se enganam</i><br /><i>imputando a saltos altos</i><br /><i>a dor mais acertada à altivez</i><br /><i>pois</i><br /><i>a sereia pisa em facas quando usa os pés</i><br /><br /><i>e quem a leva a sério?</i><br /><i>melhor seria um final</i><br /><i>em que voltasse ao rabo original</i><br /><i>e jamais se depilasse</i><br /><br /><i>em vez do elefante dançando no cérebro</i><br /><i>quando ela encontra o príncipe</i><br /><i>e dos 36 dedos</i><br /><i>que brotam quando ela estende a mão</i><br /><br /><br />::: Angélica Freitas. <span style="font-style: italic; ">Rilke shake</span> (São Paulo: Cosac Naify, 2007) ou <span style="font-style: italic; ">Rilke Shake: Ausgewählte Gedichte</span>(Wiesbaden: Luxbooks, 2011) :::Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-69989439016611702092011-06-17T19:49:00.003-03:002011-06-17T19:54:06.884-03:00Memória...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsQa0niVFenaVhvj0dAveX2tpTjN3StGaESrsBZ8dSeROk3H5RSReBUD7kiHOsfMJrtfj0IHDFRrr-R-R6UmU0hSg8rChFhiQW92sPyIdoNxbWnq_gOphdEs6ETdgkhDammYd/s1600/menos.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 358px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGsQa0niVFenaVhvj0dAveX2tpTjN3StGaESrsBZ8dSeROk3H5RSReBUD7kiHOsfMJrtfj0IHDFRrr-R-R6UmU0hSg8rChFhiQW92sPyIdoNxbWnq_gOphdEs6ETdgkhDammYd/s400/menos.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619325376700299922" /></a><br /><div style="text-align: right;"><i>Augusto de Campos</i></div><div style="text-align: right;"><i><br /></i></div><div style="text-align: right;"><i>... porque depois de analisar este eu posso dizer que gosto de poesia concreta!</i></div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-6720085554037337292011-04-25T19:55:00.003-03:002011-04-25T20:00:18.572-03:00O "fim da história"<div style="text-align: left;"><i><b>Sequestro da linguagem</b></i></div><div style="text-align: right;"><i>(Frei Betto)</i></div><div style="text-align: left;"><i><br /></i></div><div style="text-align: left;"><i>Primeiro, disseram que não haveria mais guerrilhas.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Acreditei e, com as botas, abandonei sonhos revolucionários.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Em seguida, disseram que terminara a luta armada.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Tornei-me pois violento pacifista.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Depois, disseram que a esquerda falira,</i></div><div style="text-align: left;"><i>E fechei os olhos ao olhar dos pobres.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Enfim, disseram que o socialismo morrera,</i></div><div style="text-align: left;"><i>E que uma palavra basta: democracia.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Então nasceu em mim</i></div><div style="text-align: left;"><i>A liberdade de ser burguês.</i></div><div style="text-align: left;"><i>Sem culpa.</i></div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-64190440303160610332011-04-15T11:20:00.011-03:002011-04-16T11:23:11.507-03:00Escovas de dente<div align="justify">21h30. Quarta-feira. A farmácia em frente ao ponto de ônibus perto de casa. Viu, preciso de escovas de dente! Vamo lá, rapidinho. Hmm, pacote econômico com três. Oral B Indicator. R$ 10,90. É. Deixa eu ver. Azul, verde. Prefiro esse aqui, que tem roxo e rosa. Pronto! Já esco... "Não olha pra minha cara não, não olha pra minha cara não!" Ahn!? Mas no instante de surpresa antes da compreensão, olhei. Boné. Jovem. Branco. Óculos. Gordinho. Camiseta. Revólver. Bermudas. Boné verde e preto. Revólver antigo, cor de prata, esverdeado. Marcas na pele, restos da adolescência . Revólver. Ahh! "Vamo, vamo, vamo!" Fudeu! Olhos no chão. Porra! A gente podia só não ter entrado agora! Fundo das lojas. Duas senhoras. Senhor. Funcionários. Cofre aberto. Chão. Mão. Sussuro. "Fica calma, tá?" "Tá" Chão. As escovas de dente na minha mão. Rápido. "Eu vou sair, ninguém vem atrás, hein, senão eu atiro em todo mundo! Não olha não, hein!" Pronto. Funcionária da loja, calma, procedimento de rotina. "Vocês estão bem? Levaram algum pertence de vocês? Querem água? Levaram o celular da firma do senhor, né? Olha, tá aqui o endereço da loja se for fazer B.O." "É a primeira vez que isso acontece?" "Não." Ah, tá bom, de rotina. Água. Não levaram nada da gente mesmo. Você tá bem? As senhoras tão bem? "Querem que a gente fique pra falar com a polícia, testemunhas?" "Precisa não, brigada." Ok, casa. Escovas de dente na mão. "Ah, moço, posso comprar as escovas agora?" "Desculpa, fechamos o caixa." Saco! As escovas fizeram falta. </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">... </div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Saco! É tão fácil, tão banal, tão presente, tão revelador. Diz tanto. E nós só pensamos nas escovas.</div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-15478276126243638312011-02-23T14:44:00.001-03:002011-02-23T14:46:20.655-03:00Para quem se constrói<em>"O que cada um de nós deve fazer em primeiro lugar, pois não temos outro remédio, é respeitar as nossas próprias convicções, não calar, seja onde for, seja como for, conscientes de que isso não muda nada, mas que ao fazê-lo, pelo menos tenho a certeza de que eu não estou a mudar."</em><br /><em>(José Saramago: "La izquierda no tiene ni una puta idea del mundo" )</em>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-83722885537193643732011-02-10T22:19:00.001-03:002011-02-15T21:04:49.476-03:00ComplexidadeQueria pegar essa palavra e desmontar, separar letra por letra:<br />c - o - m - p - l - e - x - i - d - a - d - e<br /><br /><br />Selecionar:<br />m - p - l - e - i<br /><br /><br />Adicionar:<br />s - s<br /><br /><br />Rearranjar:<br />s - i - m - p - l - e - s<br /><br /><br />E te dar de presente.<br />Com toda a simplicidade...<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />... me ajuda a separar as letrinhas?Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-64379498033640484192011-01-08T19:34:00.000-03:002011-01-08T19:35:42.281-03:00O interruptorUma aranha pequenina sumiu de meus olhos atrás da caixinha do interruptor.<br /><br />Um vão sujo, entre a caixinha de plástico mal pregada e o azulejo antigo, me deixa entrever um fio de outro mundo, até então desconhecido.<br /><br />Ali, por detrás da caixinha do interruptor, viverão quem sabe quantas aranhas? Quantas pequenas vidas?<br /><br />Dentro das paredes de minha casa, talvez uma sociedade. Entre os fios que levam nossos comandos de "acenda luz", entre circuitos que se abrem e se fecham, entre os pulsos do telefone, entre os canos que me trazem água limpa e levam água suja, famílias de oito patinhas.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-71890546497956956562010-12-09T09:16:00.003-03:002010-12-15T20:15:43.208-03:00A falha da Folha de São Paulo<div align="center"><strong><em>Maior jornal do Brasil processa blog independente e inaugura um novo tipo de censura</em></strong></div><strong></strong><div align="left"><br /></div><div align="left">(texto do blog Desculpe a Nossa Falha - para ajudar na divulgação, acesse o blog. Eles têm versões do texto em inglês, espanhol, francês e italiano e pedem apoio para a divulgação internacional)</div><div align="left"><br /><em>Ação inédita na Justiça está sendo boicotada pela mídia brasileira, que é dominada por poucas famílias, e abre um precedente terrível para todos os blogueiros do país<br />A exemplo do que aconteceu na eleição do Obama e em outros pleitos na Europa, na recente disputa presidencial brasileira, que terminou com a eleição da candidata de Lula (Dilma Roussef), a internet teve peso inédito na campanha eleitoral. A atuação de centenas de blogs foi especialmente importante porque, em sua maioria, eles apoiaram a candidata de esquerda (Dilma) e, por outro lado, praticamente toda a mídia convencional (rádio, TVs, jornais e revistas) defendeu fortemente o candidato de oposição, José Serra, que formou uma poderosa coalização política-midiática-religiosa conservadora — que acabou derrotada. A importância da Internet ficou óbvia no último dia 24 de novembro, quando Lula concedeu a primeira entrevista de um presidente brasileiro exclusiva para blogueiros. Foi um claro reconhecimento à sua importância e ao contraponto que eles fizeram à mídia tradicional.<br />Em meio a esse cenário, surgiu em setembro um blog chamado Falha de S.Paulo, uma paródia ao maior jornal brasileiro, a Folha de S.Paulo. Em português, “Folha” é uma das formas de referir-se a um jornal. E “Falha” significa falha. Era um blog recheado de fotomontagens, brincadeiras e críticas ácidas ao noticiário da Folha. Eram críticas sempre bem-humoradas, porém duras. Para se ter uma ideia, uma das montagens de maior sucesso (e mais irônica) punha o rosto do dono do jornal, Otavio Frias Filho, no corpo de Darth Vader. Pois bem: após um mês no ar o jornal entrou na Justiça para censurar o blog. Pior: conseguiu. Ainda pior: além de conseguir cassar o endereço, a Folha abriu um processo de 88 páginas contra os criadores do site, pedindo indenização em dinheiro por danos morais.<br />O jornal alega “uso indevido de marca”, por causa da semelhança entre os nomes Folha e Falha e porque o logotipo do site era inspirado no do jornal. A paródia foi criada por dois irmãos (Lino e Mário Ito Bocchini) que não têm ligação com nenhum partido político ou qualquer outra entidade. São duas pessoas “avulsas”, o primeiro jornalista e o segundo, designer. E agora os irmãos estão tendo uma dificuldade brutal (e gastando bastante dinheiro) para se defender na Justiça de uma ação volumosa do maior jornal do país. E a previsão dos advogados e professores de direito ouvidos pela dupla é a de que a Folha deve ganhar a ação, mais por ser uma companhia grande e poderosa e menos pelo mérito da questão em si.<br />Aqui entra o motivo pelo qual os irmãos Bocchini resolveram levar a questão para além das fronteiras do país: no Brasil, menos de 10 famílias dominam os grandes meios de comunicação. E uma dessas famílias é justamente a Frias, que ficou incomodada com a Falha de S.Paulo e suas brincadeiras como a do Darth Vader. Por corporativismo, nunca um órgão de uma família noticia algo relacionado à outra. É uma espécie de tradição brasileira. A censura de um blog, ainda mais seguida de um pedido de indenização, é uma ação judicial inédita no Brasil. Por conta disso, os irmãos Bocchini estão sendo chamados a diversos eventos de comunicação, convidados a dar palestras etc. Estão recebendo muita solidariedade de blogueiros e ativistas por liberdade de expressão de todo país, e figuras públicas como o ex-ministro Gilberto Gil gravaram depoimentos condenando a censura e o processo da Folha. Mesmo assim jornais rádios, TVs e revistas seguem ignorando completamente o assunto.<br />A preocupação geral é que, se o jornal ganhar essa ação inédita (como tudo indica que vá acontecer), um recado claro estará dado às demais grandes corporações brasileiras, sejam de comunicação ou não: se alguém incomodar você na Internet, invente uma desculpa como essa do “uso indevido de marca”. A Justiça irá tirar o site do ar e ainda lhe conseguir uma indenização em dinheiro. Ou seja, está nascendo um novo tipo de censura em nosso país, justamente pelas mãos de quem vive da liberdade de expressão. E não estamos conseguindo furar o bloqueio da mídia convencional, dominada pelas tais poucas famílias que já dissemos. Por isso só nos resta agora apelar para o exterior.<br />O novo site dos irmãos Bocchini, o </em><a class="linkification-ext" title="Linkification: http://www.desculpeanossafalha.com.br" href="http://www.desculpeanossafalha.com.br/" modo="false"><em>www.desculpeanossafalha.com.br</em></a><em> tem todos os detalhes da censura. Os posts são em português, mas lá você confere esse texto em inglês, francês ou espanhol. E pode escrever em qualquer uma dessas línguas para </em><a class="linkification-ext" title="Linkification: mailto:desculpeanossafalha@gmail.com" href="mailto:desculpeanossafalha@gmail.com" modo="false"><em>desculpeanossafalha@gmail.com</em></a></div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify">(texto do blog Desculpe a Nossa Falha - para ajudar na divulgação, acesse o blog. Eles têm versões do texto em inglês, espanhol, francês e italiano e pedem apoio para a divulgação internacional)</div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-67598682827991654172010-11-27T12:53:00.002-03:002010-11-27T12:55:01.501-03:00CalmaÉ preciso calma, ócio e um pouco de solidão para se escrever.<br />Calma é tudo que a alma pede.<br />Refúgio rural.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-64343476781258087492010-10-19T22:28:00.001-03:002010-10-19T22:30:13.893-03:00João de BarroPor falta de galho,<br />no alto do poste<br />João de Barro fez seu ninho.<br /><br />Na cidade é assim:<br />tem luz até<br />em casa de passarinho.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-63232737199839529182010-09-28T00:48:00.002-03:002010-09-28T00:55:27.101-03:00Da brincadeira à violência, do cursinho à sociedade<div align="justify"><em>Reflexões de quem voltou da faculdade ao cursinho</em></div><div align="justify"> </div><div align="justify">A época do vestibular é cheia de tensões para os candidatos, e os cursos pré-vestibulares levam os alunos a uma rotina pesada deestudos. Em contraponto a toda essa tensão, grande parte dos professores destes cursos utiliza-se do humor em suas aulas, para torná-las mais leves, interessantes e tragáveis. </div><div align="justify">São importantes as iniciativas, tanto por parte dos cursinhos quanto por parte dos professores, para tornar a rotina dos estudantes mais agradável – inclusive porque o bem-estar psicológico destes influencia-os em seu desempenho intelectual e no momento das provas. O que esquece-se ou ignora-se é o teor desse humor: não raras vezes as piadas em sala de aula são preconceituosas. </div><div align="justify">“Mas são apenas brincadeiras inocentes – não se prega realmente esses valores”, pode ser a justificativa para tais ações. Mas, mais uma vez esquece-se ou ignora-se que são por conta de “inofensivas brincadeiras” que verdadeiramente perpetuam-se preconceitos na sociedade. </div><div align="justify">São por essas brincadeiras que loiras são sempre “burras”, que mulheres “não sabem dirigir” ou “só pensam em dinheiro”, que orientais“têm pinto pequeno”, que homossexuais são “bichas loucas”, que negros “são sujos”, que pobre “é uma desgraça”. E são estes esteriótipos amplamente difundidos que perpetuam preconceitos e violência contratodas essas minorias em nossa sociedade – preconceitos e violência presentes e inegáveis. </div><div align="justify">Professores, sejam eles quais forem, têm responsabilidade com tudo oque dizem em suas aulas, e devem assumi-la, pois estão em posição de formadores de opinião. Professores de grandes cursos pré-vestibulares, em se considerando que boa parte dos alunos que passam por suas cadeiras estarão depois em grandes universidades e serão os próximos formadores de opinião nas mais diversas áreas, têm responsabilidade ainda mais ampla, não só para com seus próprios alunos, mas para com toda a sociedade. </div><div align="justify">Não que seja necessário seguir à risca os parâmetros do politicamentecorreto e “chato”, como dizem; mas necessário é, para lecionar com responsabilidade, refletir sobre a quem – de dentro ou de fora da sala de aula – suas piadas e brincadeiras podem ofender, ou quais preconceitos elas podem alimentar.<br /></div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-25238958182786110822010-09-14T00:09:00.005-03:002010-09-14T01:21:35.921-03:00Das grandes misérias de uma civiliação<div align="justify">Porque a cidade estafa-me e eu preciso dos meus mares de morros.</div><div align="justify"><br /><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><em>"-Tu não o sentes Zé Fernades. Vens das serras... Pois constituem o rijo incoveniente das Cidades, estes sulcos! É um perfume muito agudo e petulante que uma mulher larga ao passar, e se instala no olfato, e estraga para todo o dia o ar respirável. É um dito que se surpreende num grupo que revela um mundo de velhacaria, ou de pedantismo, ou de estupidez e que nos fica à alma, como um salpico, lembrando a imensidade da lama a atravessar: Ou então, meu filho, é uma figura intolerávelpela pretensão, ou pelo mau gosto, ou pela impertinência, ou pela relice, ou pela dureza, e de que se não pode sacudir mais a visão repulsiva... Um pavor, estes sulcos, Zé Fernandes! De resto, que diabo, são as pequeninas misérias de uma Civilização deliciosa!" </em></div><div align="right"><em>(A Cidade e as Serras - Eça de Queirós)</em></div><div align="right"><em></em></div><div align="justify"></div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-11679823075063432952010-09-10T00:22:00.002-03:002010-09-10T00:28:07.254-03:00Nariz II - o final da sagaÉ maravilhoso.<br />Tomo impulso e sorvo uma brisa,<br />um vento.<br />Tufão.<br /><br />Ah, oxigênio!Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-5900454631351243022010-08-31T18:10:00.001-03:002010-08-31T18:14:19.324-03:00Da hipocrisia<p>...ou de questões relativas ao aborto no Brasil</p><p><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/PGy21f212OY?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/PGy21f212OY?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></p><p>Clandestinas - Trabalho de Conclusão de Curso de Ana Carolina Moreno - ECA - USP</p><p>(as partes seguintes estão no youtube)</p><p> </p>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-30246367750322582692010-08-30T20:34:00.002-03:002010-08-30T20:41:50.771-03:00NarizEu descobri que ele é bem maior do que eu imaginava. Que cabe bastante tubo e bastante algodão. Imagine, uns belos 6 centímetros pra dentro.<br /><br />Descobri também que ser nocauteado no nariz é foda. A visão escurece, a pressão abaixa, você sua frio, o corpo treme e não dói, mas parece que estão tirando suas víceras de algum caminho longo dentro da sua cabeça, por detrás da boca. Mas não era víscera, era só algodão. Você tenta mover as pernas e os braços só pra se certificar de que o corpo ainda tá ali. Eles se movem, mas formigando. Leva tempo pra respiração voltar ao normal. Vida de boxeador deve ser dura.<br /><br />Falta descobrir, agora, o que é respirar livremente. Espero.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-27178279720685596432010-08-24T15:57:00.002-03:002010-08-24T16:18:03.032-03:00Um carrossel<div align="justify"><em>"Estava numa pobre vila do sertão e não lhe faltava o dinheiro apenas para o transporte do seu carrossel. faltava para o miserável hotel onde se hospedara e que era o único da vila, e também para o trago de pinga, para a cerveja, que não era gelada ali, assim mesmo ele gostava. O carrossel armado no capim da praça da Matriz estava parado fazia uma semana. Nhozinho França esperava a noite de sábado para ver se fazia algum cobre para arribar para algum lugar melhor. Mas na sexta-feira Lampião entrou na vila com vinte e dois homens e então o carrossel teve muito que trabalhar. Como as crianças, os grandes cangaceiros, homens que tinham vinte e trinta mortes, acharam belo o carrossel, acharam que mirar suas luzes rodando , ouvir a música velhíssima de sua pianola e montar naqueles estropiados avalos de pau era a maior felicidade. E o carrossel de Nhozinho França salvou a pequena vila de ser saqueada, as moças de serem defloradas, os homens de serem mortos. Só mesmo os dois soldados da polícia baiana que lustravam as botas na frente do posto policial foram fuzilados pelos cangaceiros, assim mesmo antes que eles vissem o carrossel armado na praça da Matriz. Porque talvez até os soldados da polícia baiana Lampião perdoasse nessa noite de suprema felicidade para o bando de cangaceiros. Então eles foram como crianças, gazaram daquela felicidade que nunca tinham gozado na sua meninice de filhos de camponeses: montar e rodar num cavalo de madeira de um carrossel, onde havia música de uma pianola e onde as luzes eram de todas as cores: azuis, verdes, amarelas, roxas e vermelhas como o sangue que sai do corpo dos assassinados."</em></div><br /><div align="right">(Jorge Amado - Capitães da Areia)</div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-25321047437675318402010-06-21T23:54:00.002-03:002010-06-22T00:00:44.693-03:00Muitos casmurrosLi algumas vezes, assisti a mini-série Capitu outras tantas, mas uma nova leitura sempre põe luz e graça difrerentes a outro trecho, o qual se lê como novo e único.<br /><br /><em>"Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das dua criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras da boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham..."</em><br /><em>(Dom Casmurro - Machado de Assis)</em><br /><em></em>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-39040237970446141562010-05-25T00:07:00.002-03:002010-05-25T00:08:55.057-03:00RumoNão, não é um passo atrás.<br />É um salto. À frente.<br /><br />É maturidade, coragem e decisão.<br /><br />E sorriso.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-31959680428703001142010-05-04T22:19:00.002-03:002010-05-04T22:49:33.922-03:00Súplica<em>Ela o cavalgava, quieta. Sem prazer, para dar-lhe prazer.</em><br /><em>Ele deleitava-se, olhos cerrados, perdido na maciez do travesseiro, perdido na maciez de suas carnes.</em><br /><em>Ela lhe cravava olhos suplicantes, angustiados, invejosos de seu prazer.</em><br /><em>"Olha-me! Olha-me!", diriam os olhos, se vistos.</em><br /><em>Mas nunca assim seriam vistos. Súplica silenciosa.</em><br /><em>"Quero compartilhar desse prazer!"</em><br /><em>E os olhos suplicavam assim, como acreditando que, se mirados também, seriam sugados para dentro das ondas de prazer e calor que o sacudiam, enxarcavam.</em><br /><em>Contraste. Ela branca, branquíssima, corpo seco, movimentação mecânica. Ele, pele molhada, morena, movimentando-se preguiçosamente, levado por arrepios. Perdido, maciez acima e abaixo, entre a brancura dos lencóis e a da pele dela.</em><br /><em></em><br /><em>A tristeza invadiu-a.</em><br /><em>Ela chorou.</em><br /><em>Ele, jorrou.</em>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-44757641586957001332010-04-30T21:02:00.005-03:002010-04-30T21:37:40.006-03:00Do tempo<div align="justify"><em>"- O que foi?</em></div><div align="justify"><em>- Alguém passou por mim.</em></div><div align="justify"><em>- Quem?</em></div><div align="justify"><em>- O tempo."</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Deparei-me com o tempo que passou, e passou tanta coisa. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi mudança, liberdade e cabresto, nuvens. Pontas e textos, cera quente, Ofélia. Foi o café que passei a tomar. Foram as noites viradas. Foi a música. Foi a loucura e a insensatez e a alucinação na madrugada. Foi avião e hermanos, um lago tão frio. Foi correr nua.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi acolhida e solidão, casa e mal-estar, angústia e embate. Foi um pé na bunda bem dado, coturnos e estrado. Foi o nada, tão nada. Foi a chuva tomada. Foi o choro na prova, foi o Franz na madrugada, foi a amiga ligada. Foi a cidade, morrida, foi a fuga, a fuga.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi um "vou embora", brigada, teimosia familiar. Foi caminhão e mudança, pintar paredes, e lar. Foi liberdade e foi gente, foi minha casa, tão minha. Foi um virar madrugadas, rir, conversar, amar, dormir pelo colchão da sala. Foi o som da vitrola. Foi o descobrir a ensinar, foram os sábados pela manhã. Foi a parceria, o carinho, o amor de língua amarrada. Foram bicicletas. Foi Guimarães que eu li. Passei prum café. Foi a raiva do uso, foi o distanciar. Foi uma tentativa de vingança em meio à fumaça, deixa ficar. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi a descoberta da luta, foi um "se levantar". Foram faixas, protestos, bombas, violência, correria e medo. Uma praça de aula transformada em praça de guerra. Foi uma noite fria.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi um "não quero mais", "vou me distanciar". Foi o "me deixa em paz". Mas me tiraram pra dançar. Foi trabalhar todo dia e estar atarefada. Foi ficar, de novo, apaixonada. Foi querer, de novo, mais e mais estudar. Foi um levante político, um não mais me conformar. Foram noites de sonho, de amor. Foi dançar.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi a distância e o avião. Um urso na bolsa e saudade. Foi uma vida sozinha, tempo pra pensar, aprender uma língua, sonhar. Foi viver com o frio e dançar.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">Foi voltar. </div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-19991575129100969362010-04-30T20:56:00.002-03:002010-04-30T21:01:26.422-03:00Pudim de leiteE lá vem ele, no pratinho. É bem molinho por dentro, o fundo durinho, a calda, com gostinho de açúcar queimado.<br /><br />Eu menina, adorava pudim de leite, daquele que minha mãe nunca mais fez. E manjar branco com ameixas, da casa da avó.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-38510779556482562702010-04-30T19:00:00.003-03:002010-04-30T19:49:47.379-03:00Aquela rampaSubi a rampa e o sol da tarde entrou por entre as árvores. Verde, dourado. O vento passou fresco e derrubou folhas, devagar. Devagar caíam, douradas. Não seria então como a neve caindo, leve, levitando?<br /><br />Desci a rampa no escuro, escutando passos, meus e dos outros, silenciosos. O vento passou frio pelo tecido de minha blusa e fez revoar as bandeiras: ti-lin-ti-lin no mastro.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-46910504648535155842010-04-26T23:53:00.004-03:002010-04-27T00:10:39.305-03:00Raiva, legítima raivaPara compartilhar a leitura:<br /><br /><div align="justify"><em>"É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas, e por que não dizer também da obstinação com que falo de meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às mulheres, assunto de que saio e a que volto com o gosto de quem a ele se dá pela primeira vez. Daí a crítica permanente presente em mim à malvadez neoliberal, ao cinismo de sua ideologia fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia.</em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em>Daí o tom de raiva, legítima raiva, que envolve o meu discurso quando me refiro às injustiças a que são submetidos os esfarrapados do mundo. Daí o meu nenhum interesse de, não importa que ordem, assumir um ar de observador imparcial, objetivo, seguro, dos fatos e dos acontecimentos. Em tempo algum pude ser um observador 'acinzentadamente' imparcial, o que, porém, jamais me afastou de uma posição rigorosamente ética. Quem observa o faz de um certo ponto de vista, o que não situa o observador em erro. O erro na verdade não é ter um certo ponto de vista, mas absolutizá-lo e desconhecer que, mesmo do acerto de seu ponto de vista é possível que a razão ética nem sempre esteja com ele. </em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em>O meu ponto de vista é o dos 'condenados da Terra', o dos excluídos. Não aceito, porém, em nome de nada, ações terroristas, pois que delas resultam a morte de inocentes e a insegurança de seres humanos. O terrorismo nega o que venho chamando de ética universal do ser humano. Estou com os árabes na luta por seus direitos mas não pude aceitar a malvadez do ato terrorista nas Olimpíadas de Munique."</em></div><div align="justify"><em></em> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em>Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia</em></div>Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32579735.post-47340351822041124682010-04-19T01:25:00.006-03:002010-04-19T01:41:58.806-03:00Refúgio?Ele se perdeu, e posso passar dias a vagar com a mochila nas costas.<br />Nem o refúgio das palavras? Nem das músicas?<br />Não.<br />Os dias já correm demais para elas.<br /><br />... pena. Não o suficiente para parar o relógio.<br /><br /><br /><br /><br />Me dê a mão, vamos correr até que o tempo pare e as distâncias desapareçam, então tudo ao redor não passará de meros borrões de tinta. Eu e você, para sempre juntos, num turbilhão de cores plácidas.Maria Joanahttp://www.blogger.com/profile/14285637936867044195noreply@blogger.com1