Estava sentada sozinha na noite e na rua. Tentava sufocar as mágoas num gordo pão de mel. Deitei, olhando o céu, ouvindo música. As estrelas brilhavam sem muito brilho, pálidas e bobas, distantes. Uma, porém, passou a brilhar mais e mais, sozinha bem na reta do meu olhar, e naquele momento pensei “solitária como eu”. Tentava evitar as lágrimas que queriam escorrer de meus olhos desenhando imaginariamente figuras geométricas nas estrelas. De repente uma palavra de uma estranha indagando se eu queria ajuda (me confundindo com os inúmeros bêbados que jazem pelas calçadas nessa época) fez desencadear meu choro desconsolado. Chorava e já nem sabia mais porque chorava, chorava feito criança, esperando uma resposta das estrelas, esperando delas um abraço, um apoio que não veio.
Já em casa tudo em mim se misturava. A música, o banho quente, o barulho distante de uma cachoeira, lágrimas, duas meninas conversando numa pedra à beira d’àgua, a água quente caindo na nuca, dois corpos salpicados de sol de fim de tarde numa esteira sobre a grama fofa embaixo de uma árvore, a conversa sincera, o mal-estar do choro, os gritos recentes: desabafos enraivecidos, o rosto inchado. Palavras silenciosas ecoando em minha cabeça. Uma boca cuspindo um texto pronto feito da minha desgraça, soletrando palavra por palavra o que eu viria a digitar depois. Maldita boca cheia de palavras que não deixa minha cabeça.
Depois me arrumei e me fiz bela, passei a maquiagem, coloquei a máscara de menina animada e saí pra uma noite inteira pulando. Era carnaval.
3.
Há 7 anos
2 comentários:
Oh minina linda! Como gostaria de poder fazer como você. Chorar chorar tudo que precisa e depois se enfeitar e cair na folia!
Beijão e some não, viu
Mariliza
como assim vc chorando sem o pauli ndo lado pra faze vc ri nossa
isso pq vc estava comigo ate um tempinho Atraz rsrs
mais eh bom chorar lubrifica os olhos rsrs
bjin do paulin
sabe ne se um dia quiser lubrificar os meus ombros com as suas lsgrimas eh so chamar
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