É simples escrever só sobre amor.
Poderia facilmente descrever belas cenas vividas, doces sensações, elencar uma série de pequenos detalhes, pequeninos encantos, e dizer o quê e o quanto eles significam para mim.
Acontece que tantos textos assim já escrevi, recheados de encanto, doçura e imaturidade, que seria leviano escrever agora outros mais, aproximando assim, por meio de palavras, o presente do passado.
Guardo, agora calada, toda doçura, todos detalhes, pequeninos encantos e o que significam para mim. Calo-os, guardo-os, digiro-os, amadureço-os para que depois, bem depois, quem sabe (e bem quem sabe), possa escrevê-los com a dignidade que merece esse amor.
"A dança tem de ser como um sussuro, só para dentro do casal."
O Seu Santo Nome - Carlos Drummond de Andrade
Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.
domingo, 18 de outubro de 2009
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Um comentário:
Coloquei uma caixa de busca no meu blog e percebi que uso muito a palavra "amor".
Engraçado, por que acho que até hoje, nunca falei de amor verdadeiramente.
Falei de muitas coisas que não conheço, falei de muitas coisas que ouvi falar, falei assim, meio sem pensar...
Não sei se sei falar de amor.Mesmo não tendo certo ou errado, tenho medo de errar, de descobrir que o que eu tenho para falar verdadeiramente não é tão bonito, ou tão especial, ou tão... amor.
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