As paisagens correndo pelas janelas do carro dançam ao som de uma valsa de Strauss.
Verde, azul, marrom, amarelado. A plantação de sorgo forma curvas efêmeras em sua superfície, passam pelos olhos como numa ilusão. Ao longe, na estrada reta mas não plana, os morros sucessivos brincam de esconder-se uns atrás dos outros, e reaparecer como que por mágica. Dançam.
Mais impressionante, ainda, é a explosão de céu. Vem lá longe o viaduto, com um retangulozinho de azul por baixo, uma tripinha apenas. Vem se aproximando, aumenta como o crescer dos instrumentos numa orquestra, o retângulo azul. E quanto mais perto, mais rápido, em êxtase. Por fim o viaduto passa, e o azul explode por todos os lados. Estraçalha a moldura cinza de cimento, e passamos a correr dentro da explosão da cor de violinos.
Desceu o sol, acenderam-se as estrelas, e, como que dando adeus ao carro em etapa final de viagem, o Curiango canta seu canto de solidão. Nos últmos momentos de velocidade, correm luminosos dois rios paralelos, serpenteantes, ligeiros, opostos. Sêmem e sangue, acompanhados de tango.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
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2 comentários:
Som, céu, sêmen, sangue, sertão.
S é um fonema de respeito.
"Por fim o viaduto passa, e o azul explode por todos os lados."
apesar de ser redundante dizer pra vc uma frase que vc disse, é a melhor frase que eu achei na ocasião pra explicar quanto gostei.
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