terça-feira, 14 de setembro de 2010

Das grandes misérias de uma civiliação

Porque a cidade estafa-me e eu preciso dos meus mares de morros.


"-Tu não o sentes Zé Fernades. Vens das serras... Pois constituem o rijo incoveniente das Cidades, estes sulcos! É um perfume muito agudo e petulante que uma mulher larga ao passar, e se instala no olfato, e estraga para todo o dia o ar respirável. É um dito que se surpreende num grupo que revela um mundo de velhacaria, ou de pedantismo, ou de estupidez e que nos fica à alma, como um salpico, lembrando a imensidade da lama a atravessar: Ou então, meu filho, é uma figura intolerávelpela pretensão, ou pelo mau gosto, ou pela impertinência, ou pela relice, ou pela dureza, e de que se não pode sacudir mais a visão repulsiva... Um pavor, estes sulcos, Zé Fernandes! De resto, que diabo, são as pequeninas misérias de uma Civilização deliciosa!"
(A Cidade e as Serras - Eça de Queirós)

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