sábado, 11 de abril de 2009

As Gêmeas

Piamente à missa, no canto direito do primeiro banco da igreja, sempre ali estão a mãe e as duas filhas, gêmeas.
Vi-as crescer.
Quando pequenotas, assistiam a aulas de pintura. Sempre juntas, roupas iguais, de cores diversas. Iam também à natação, de maiô, roupão colorido, chinelos.
Foram crescendo, trocaram os shorts, saias e tamanquinhos cor-de-rosa por jeans e blusas com brilhinhos. Passaram a usar batom vermelho.
Sempre miúdas e magrinhas. Longos cabelos negros. Espessos, cacheados, presos nas metades por fivelinhas brilhantes. Rostos redondos, testas altas, narizes pequenotes, bochechas fofas, bocas bem-desenhadas.
Não são lindas, mas belas. Bonecas.
Numa festa de gala, uma vez, lá estavam, meninocas ainda (13 anos?) com vestidos rodados, de mangas bufantes e laçarotes. Pareciam meninas de cinquenta anos atrás.
Estavam ontem ali, no primeiro mesmo de sempre banco da igreja, à direita, com a mãe, algo envelhecida. Lado a lado, tamanquinhos bege, jeans com pedrinhas brilhantes, blusas estampadas com rendinhas, batom vermelho. Olhar baixo, sérias, a murmurar alguma oração da vigília pascal.
Assustou-me, porém: uma delas traz agora o cabelo rubro como cobre, algo queimado. A outra, negro como sempre.
Contaram-me que estão estudando para prestar medicina. Combina. Sérias. Estudiosas devem ser.
Não daria a elas, porém, mais que 15 anos.

Nunca soube seus nomes.

Um comentário:

Alice Agnelli disse...

mari, por meio dessas suas descrições você consigue me levar até à igreja.

só para observar as duas.

incrível.