sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Margaridas

Colhi pequenas flores cor de lilás no canteiro em frente à minha casa na hora de sair. Depositei-as cuidadosamente num triste jardim, de vista tão bela. Repousa lá, amiga, frente à vista que amava, das trilhas que gostava de fazer, de sua paixão por cachoeiras. Repousa lá, amiga, 18 anos apenas, eternamente num jardim frente a belos morros.
Mais à frente no caminho, numa simples casa de roça na beira da estrada, de uma senhora gorducha e bonachona, colhi margaridas e florzinhas brancas que se chamam boa noite. Quando era criança, no dia de finados nós colhíamos margaridas e outras flores que cresciam na rampa abandonada da garagem do quintal da minha avó, e dávamos aos mais velhos para levarem ao cemitério.
Hoje ninguém mais leva flores apanhadas no quintal de casa ao cemitério. Levam vasos. Envoltos em plástico e ainda por cima com o cartãozinho do cemitério! E eles deixam no pára-brisas dos carros estacionados panfletos anunciando seus serviços e divulgando o sorteio de um jazigo (!) completamente quitado com três gavetas. Puro comércio.
Eu colhi minhas singelas margaridas, que vieram junto com insetos pequeninos, e as depositei junto daquela cuja casa me ensinou a amar as flores que nascem por si mesmas.
Acho que sou profundamente nostálgica em certos assuntos. As flores colhidas à beira do caminho hoje, levam consigo carinho e saudades. E minha imensa nostalgia.

Um comentário:

Bruna disse...

Adorei as imagens que criaste com as simples margaridas.As flores sempre me dão sensação de nostalgia e solidão.

Beiijo