quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sou-me

Clarice me entende. Ou eu desentendo-me como ela desentede a si-it-mesma.

"Eu sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico, fantástico e gigantesco: a vida é sobrenatural. E caminho segurando um guarda-chuva aberto sobre a corda tensa. Caminho até o limite do meu sonho grande. Vejo a fúria dos impulsos viscerais: vísceras torturadas me guiam. Não gosto do que acabo de escrever - mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu. E respeito muito o que eu me aconteço. Minha essência é inconsciente de si própria e é por isso que cegamente me obedeço. (...) Para onde vou? e a resposta é: vou."
(Clarice Lispector - Água Viva)

No dia em que eu escrever como essa mulher todas minhas águas borbulharão e meu it correrá - um grande, belo, castanho cavalo - por campos livres, destruindo com suas patas tudo que é friamente cimento.

4 comentários:

Fontes disse...

Clarice destrói.

Bruna Vicente disse...

Ah Clarice é uma alma, às vezes viva, às vezes morta...então seja apenas uma alma...

Mau Exemplo disse...

Ela é certeira, não tem jeito.
E qse todos temos fantasmas a nos torturar...
Bju

Alice Agnelli disse...

Ah, Clarice.
também entende a Alice!
:)