segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cena de cinza

Em uma das muitas cenas de meu sonho, estava feliz.
Era uma boneca, com pele de louça, lábios vermelhos e olhos de vidro, mas o sangue corria em disparada nas veias e o coração batia em samba. Como boneco de ventríloco, sentava eu em seu colo, e as palavras de carinho aqueciam a louça e faziam brilhar o vidro.
A cadeira rústica que sentávamos voava. Voava correndo ao lado de uma estrada, como se fosse uma poltrona de ônibus descolada do resto do veículo, a correr sozinha. As faixas da estrada passavam aceleradas. Era tudo cinza. E a boneca tinha vida. Quente.

Desvaneceu-se o sonho. Acordei com os pés gelados.
Não mais boneca, sento-me triste, pagã, ao pé da janela, com flores no regaço.

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