terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Do luxo

Como explicar um lugar ao mesmo tempo apaixonante e repulsivo? Assim me sinto no sul da França (e perdoem a falta de acentos).

A primeira impressão que tive da Europa, ainda no aeroporto, foi de um lugar em que se da muito valor ao bem estar pessoal, e nem tanto valor assim para a interação com as pessoas ao redor. Infelizmente ainda nao tive a oportunidade de conversar mais com pessoas do lugar para entender melhor isso.

Depois vem a sensação de estar em um lugar realmente avançado, civilizado. Dos fogões das casas às sacolas de supermercado, da limpeza e silêncio das ruas ao transporte publico. Tudo, porém, é carissimo, ao menos nessa região. Como pagar 4 euros por uma hora na lan house? O aluguel de um kit-net em Aix-en-Provence, cidade pequenina? 500 euros. O aluguel de um quarto de empregada, sem cozinha, por sorte com banheiro privado em Paris? 700 euros.

Depois o encanto. Lindissimas cidades, todos os prédios alinhados, não muito altos. Varandinhas e chaminés, tão cinemamente franceses. Vilas medievais de 700 anos, ruas apertadinhas, construções de pedra, escadas, varandas, flores na janela, um gato passeando pelo frio.

O sul da França parece so ter vida no verão. Agora esta tudo deserto, e dou graças a deus por isso. Pois a vida de verão é a do turismo milionario. Por isso nas cidades com tanta cara de simplezinhas, simpaticas, apertadinhas e bonitinhas, nos térreos dos prédios seguem-se lojas e mais lojas de grife. Louis Vitton, Channel, Dolce e Gabbana, Swatch, e por ai vai.

Cannes é uma vitine de luxo. No domingo de manhã, na beira da praia, segue um desfile de casacos de vison. Em Monaco vê-se visons e diamentes no ônibus. Na frente do cassino, uma fila de Ferraris e Mercedes. Ao olhar o mar, a vista é sempre ofucada por uma profusão de iates.

E ha turismo apenas para ver todo esse luxo. No verao, St. Tropez, cidadezinha de 5 mil habitantes, recebe 100 mil visitantes por dia, e a maioria desses vem lotar as ruas apenas para avistar ao longe os iates e casas dos milionarios. Estes, de seus iates, apelidam seus admiradores de "chupadores de sorvete", pois enquanto eles curtem o mar de seus barcos, os outros, a admira-los, so contam com os sorvetes para aplacar o calor de 35°.

Pronto, falei. Todo esse luxo me é repulsivo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Mari, não fazia nem ideia desse luxo nojento, não. Só ouvia falar que o Sul da França é absurdo de riqueza, mas nunca tinha lido as impressões de um conhecido.

Espero que seja só uma primeira impressão, mas tenho certeza que você vai acabar encontrando cada vez lugares mais incríveis!

Tulio Bucchioni disse...

Primeiro de tudo: que bom que você escreveu! Estava super ansioso pra ouvir as primeiras impressões suas! Quando vi o título estranhei. Pensei, "nossa um tópico sobre o luxo no blog da Mari?!haha"...

Mas realmente fez todo o sentido depois que eu li, eu imagino a repulsa e o mau-estar que se deve sentir ao ouvir as pessoas contarem coisas tão mesquinhas e broxantes como essa história de "chupadores de sorvetes"...E coisas que de tão comuns já ficam até internalizadas.

No mais, a sensação que se tira é: a definição exata de civilização, se é que é possível obtê-la, eu acho que não, passa longe disso...