quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Finados...

O cemitério numa tardde de finados, estava cheio. Eram crianças correndo lá fora, conversas animadas, carrinhos vendendo picolés. Tem de minlho verde? Cadê a cumadre? Ah, dá um de côco então.
Um local normalmente silencioso, nesse dia se faz abrulhento e agitado. O movimento por entre as alamedas estreitas é intenso, de gente indo pra cima e pra baixo, em bandos, indo visitar seus mortos. Na entrada vê-se os belos túmulos, de mármore negro e branco. E conforme vai-se adentrando para os fundos do pequeno cemitério, acham-se os simples túmulos. Baixos, cobertos de azulejos e com simples placas. Alguns simplesmente rebocados e pintados de branco, sem nenhum epitáfio para que se reconheça, apenas uma minúscula placa de madeira com um número. Não datas ou nomes, só um número, o número que sobrou a esse desconhecido, o número de sua cova. Todos os simples túmulos enfeitados por feias flores de plástico, ridiculamente coloridas, sem a menor intenção de parecerem reais.
E num ato que talvez lhes pareçam normal, as pessoa sentam-se sobre os túmulos como se estivessem na sala de casa, e começam uma animada conversa. Excurssão ao cemitério só para seguir com a tradição.
Então a chuva chega inesperada, fazendo todos correrem procurando abrigo. E o cemitério retorna à antiga paz.

Nenhum comentário: