terça-feira, 26 de setembro de 2006

.....pontos de fofura

Fecho os olhos e me deixo levar pela rotina que a vida me impõe, como um corpo solto no mar, levado pra cá e pra lá ao sabor das ondas.
Pela vida vão ficando esquecidos, enterrados, escondidos os espinhos. Coisas que deixamos para trás, fatos que tentamos esquecerm histórias perdidas, esquecidas, ignoradas. Rechaçadas e mandadas para o fundo de uma gaveta esquecida daquele armário empoeirado do cantinho do meu cérebro.
E estão por toda parte os pequenos prazeres inúteis que colorem a vida. Um desenho, um livro, um sorvete no fim de tarde, um passarinho cantando, as flores nas árvores colorindo meu caminho pra casa.
Mas como disse uma vez Carlos Drumond de Andrade, " A pausa para o inútil é da maior utilidade."
Passos silenciosos pelo mesmo caminho de sempre, atravessando a cidade. O vento fazendo esvoaçar os cabelos. A agitação da manhã. Alunos indo pra escola, operários a caminho do trabalho, mães indo buscar pão fresco na padaria da esquina, que exala o cheiro de pão quentinho por todo o quarteirão. O sol que vem iluminando o dia, já quente, mesmo sendo ainda antes das sete da manhã. Dourado. Claro. Grande. É a vida em cada manhã. Acordar, jogar as mágoas na gaveta, abrir a janela e se animar com o brilho do Sol.
A vida não renasce em cada manhã. O Sol só vem dando o sinal de que é hora de deixar certas coisas pra trás e continuar a vida. Porém, fingindo que se está começando de novo.
Uma alegria inesperada de uma boa nota em biologia rende risos à toa. O marcador de páginas fofo sobre a carteira, também enfeita. Um suave perfume floral me embala os sentidos. Um pequenino pompom brilhante me prende os cabelos. As unhas levam pequenos detalhes cor-de-rosa.
As lágrimas que querem saltar dos olhos são escondidas sob pequenos pontos de fofura que iluminam a vida.
E assim eu sigo.

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